Funcionárias de transportadora usavam reconhecimento facial do patrão para desviar R$ 1 milhão, diz polícia

De acordo com a investigação, as suspeitas se aproveitavam do miopia do proprietário para abrir contas em bancos. Aparelhos de TV e até caminhão foram comprados com dinheiro desviado, segundo a Polícia Civil.


Por Rota Araguaia em 05/09/2024 às 08:08 hs

Funcionárias de transportadora usavam reconhecimento facial do patrão para desviar R$ 1 milhão, diz polícia
Reprodução

Redação

Duas funcionárias de uma transportadora em Aparecida de Goiânia, Região Metropolitana da capital, foram indiciadas pela Polícia Civil por desviar aproximadamente R$ 1 milhão da empresa. Segundo a investigação, elas utilizaram o reconhecimento facial do patrão, que é míope, para abrir contas em bancos e cometer os desvios.

As mulheres aproveitavam-se do fato de que o proprietário da transportadora não utilizava óculos no momento do cadastramento da biometria facial. Elas o convenceram a permitir o uso de sua imagem alegando que seria para atualizar aplicativos da empresa relacionados ao frete de mercadorias. Sem acesso direto aos dados financeiros, as investigadas abriram contas usando o CPF e a biometria facial do patrão, recebendo os pagamentos de clientes sem levantar suspeitas.

De acordo com o delegado responsável pelo caso, Adriano Jaime, as contas abertas estavam registradas no CNPJ da empresa ou no nome do proprietário, o que fez com que os clientes não desconfiassem dos desvios. “O cliente pagava, pois a conta estava sim no nome da empresa ou no nome do proprietário. Elas, com acesso a essas contas, transferiam o dinheiro para elas”, explicou o delegado.

Confissão e investigação

Após serem intimadas, as suspeitas confessaram o crime por meio de cartas anexadas ao inquérito policial, segundo a Polícia Civil. A defesa de uma delas afirmou que as provas trarão à tona a verdade e que a inocência será demonstrada. A defesa da outra investigada não foi localizada.

O crime foi descoberto pela esposa do proprietário, que também é sócia da transportadora, após o marido receber uma ligação de uma loja de eletrodomésticos solicitando confirmação de endereço para a entrega de uma geladeira de R$ 7 mil comprada em seu nome. "Depois de constantes ligações do ano passado referente ao banco, mais essa questão da loja, eu pensei: 'tem alguma coisa errada'", relatou a empresária.

A polícia descobriu que o dinheiro desviado foi utilizado para a compra de televisores, computadores e até um caminhão. O faturamento da empresa foi severamente impactado, caindo pela metade. A empresária relatou que teve que reduzir o número de funcionários de 12 para três, e que apenas recentemente conseguiu contratar novamente, subindo para cinco empregados.

Desfecho

A descoberta foi facilitada quando uma das investigadas colocou o próprio endereço residencial para receber o cartão de uma das contas abertas fraudulentamente. A polícia encontrou conversas no WhatsApp que confirmavam a autoria do crime.

As funcionárias foram indiciadas pelos crimes de furto qualificado e abuso de confiança. Apesar disso, a Justiça negou o pedido de prisão. O advogado da empresa, Ricardo Souza, informou que a transportadora pede a devolução dos valores desviados e uma indenização por danos morais devido ao impacto sofrido. "Queremos também uma indenização de dano moral por todo o abalo que a empresa sofreu", disse.

O caso segue sendo acompanhado pela Justiça, enquanto a empresa tenta se reerguer dos prejuízos causados pelos desvios.



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