Por dia, 15 pedestres morrem no trânsito; número equivale à queda de um Boeing por mês



Por Rota Araguaia em 28/01/2025 às 08:51 hs

Por dia, 15 pedestres morrem no trânsito; número equivale à queda de um Boeing por mês
Reprodução

Redação

O Brasil registra, em média, 15 mortes de pedestres por dia no trânsito. Esse número, quando acumulado ao longo de um mês, equivale à queda de um avião de grande porte, sem sobreviventes. O levantamento, feito pelo R7 com base em dados do Ministério da Saúde, revela um problema crônico de segurança viária no país.

Entre 2014 e 2023, foram registradas 60,8 mil mortes de pedestres no trânsito brasileiro. As vítimas mais frequentes são pessoas entre 50 e 59 anos, faixa etária que contabiliza mais de 10 mil óbitos no período. Apesar da gravidade do cenário, o número de fatalidades caiu 30% ao longo da década, o que demonstra um avanço, mas ainda longe da meta estabelecida pela ONU, que busca reduzir pela metade as mortes no trânsito até 2030.

A gravidade do problema

O Ministério da Saúde classifica os acidentes de trânsito como um grave problema de saúde pública global, pois geram alta demanda por atendimentos de emergência e internações em UTIs. Para especialistas, a solução passa por uma abordagem integrada, envolvendo engenharia de tráfego, educação e fiscalização rigorosa.

Segundo o professor Malthus Galvão, da UnB, é essencial diagnosticar as principais causas dos atropelamentos para traçar estratégias eficazes de prevenção. Ele destaca que o pedestre é o elo mais vulnerável do trânsito e que, mesmo quando o acidente não é fatal, pode resultar em lesões graves e incapacitantes.

“O planejamento urbano precisa considerar soluções que protejam os pedestres. Além disso, é fundamental combater a imprudência, tanto dos motoristas quanto dos próprios pedestres, que muitas vezes se arriscam em travessias fora das faixas ou semáforos”, explica.

A importância da redução da velocidade

Um dos fatores críticos apontados por especialistas é a velocidade dos veículos, especialmente em áreas urbanas. Estudos demonstram que um pedestre atropelado por um carro a 30 km/h tem grande chance de sobreviver, enquanto a 60 km/h, o risco de morte é quase total.

Para Wesley Ferro Nogueira, do Instituto MDT, a redução da velocidade é essencial para cumprir as metas da ONU.

“Medidas de acalmamento de tráfego, como a criação de zonas com limite de 30 km/h, podem salvar vidas. A diferença de alguns segundos na viagem do motorista pode representar a sobrevivência de um pedestre”, afirma.

Além disso, há uma tendência da indústria automobilística de fabricar veículos cada vez maiores e mais pesados, aumentando o risco de atropelamentos fatais.

Educação no trânsito: uma mudança necessária

Outro desafio apontado pelos especialistas é a falta de educação no trânsito desde a infância. O especialista Wellington Matos destaca que a maioria dos brasileiros só recebe instrução formal sobre trânsito ao tirar a carteira de motorista, já na vida adulta.

“Desde pequenos, todos somos pedestres, passageiros ou ciclistas. A educação de trânsito deveria começar cedo, com noções básicas de segurança para reduzir comportamentos de risco”, avalia.

Matos alerta ainda para a falta de conhecimento sobre normas básicas, como o uso de faixas de pedestres e passarelas. Além disso, muitos pedestres desconhecem regras que os protegem, como evitar travessias diagonais, que aumentam o tempo de exposição ao risco.

O que está sendo feito?

O Ministério dos Transportes afirma que vem adotando diversas ações para reduzir o número de mortes no trânsito. Entre as principais iniciativas estão:

  • Melhoria da infraestrutura viária, com ampliação de faixas de pedestres e travessias elevadas;
  • Redução de velocidade em áreas críticas de alto risco;
  • Campanhas educativas para conscientização de pedestres e motoristas;
  • Reforço na fiscalização, com o uso de tecnologias para monitoramento de infrações.

O governo federal segue alinhado ao Plano Nacional de Redução de Mortes e Lesões no Trânsito (Pnatrans), que tem como meta reduzir em 50% o número de vítimas até 2030.

Conclusão: um compromisso de todos

Apesar da redução de fatalidades nos últimos anos, 15 vidas perdidas por dia no trânsito ainda representam um número alarmante. Para mudar essa realidade, é fundamental um compromisso conjunto do poder público, motoristas e pedestres.

A implementação de infraestrutura segura, limites de velocidade adequados e educação no trânsito desde cedo são medidas essenciais para garantir que as ruas sejam mais seguras para todos. Afinal, cada vida perdida no trânsito é uma tragédia evitável.



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